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É um dos elementos essenciais no processo de gravação de uma tela de serigrafia. A função do fotolito é bloquear, durante o processo de exposição, a luz UV incidida na tela e dessa forma gravar uma arte final/desenho nesse mesmo quadro.
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Consiste em uma folha transparente/translucida, impressa ou desenhada, com a arte final pretendida. Tendo em conta a anterior explicação e sua contextualização no processo de gravação, podemos concluir que o objectivo é bloquear a luz UV incidida na tela, de forma a obter uma matriz. Nesse sentido é importante termos uma folha transparente/translucida, e segundo, a nossa arte final/desenho terá de ser impressa ou desenhada de maneira que a luz não incida na tela emulsionada.
Enquanto a folha transparente pode ser um acetato, poliester transparente ou papel vegetal, suficiente para deixar passar a luz e endurecer a emulsão na tela, é importante que a arte final/desenho esteja o mais escuro e opaco possível.
Na imagem, um fotolito impresso em jacto de tinta, na nossa oficina.
Para compreender melhor a função do fotolito, o melhor é explicarmos o processo de exposição de uma tela de serigrafia, contextualizando-o nesse processo. A gravação de uma tela é obtida através de um processo de exposição à luz e um dos passos é a aplicação de emulsão fotossensível na tela. Uma vez seca, a tela emulsionada é exposta à luz, no nosso caso luz UV, juntamente com o fotolito (que é colocado entre a luz e a tela emulsionada), permitindo desta forma a gravação de uma arte final, isto é, uma máscara ou matriz que bloqueia a passagem de tinta, mas deixa passar a tinta nas zonas que pretendemos.
Essa gravação é possível porque no processo de exposição, existe um elemento que irá bloquear a luz. Dado que a emulsão é extremamente sensível à luz, a luz que incidir sobre a tela, irá endurecer a emulsão, tornando-a impermeável. De modo contrário, se houver zonas protegidas com o intuito de impedir a luz de incidir na emulsão, a mesma não irá endurecer na tela e será possível remover na fase da lavagem. Nesse sentido, uma vez aplicada na tela, a emulsão que não for sujeita a luz UV não endurecerá na tela e é possível removê-la com água.
Uma e única preocupação pode ser exagero, mas não podemos deixar de sublinhar a importância da opacidade máxima, no fotolito. A opacidade da tinta, seja o fotolito impresso ou desenhado, pode comprometer todo o processo de exposição e no final a única solução será remover a emulsão e voltar a repetir o processo.
Um fotolito, quer seja impresso ou desenhado directamente na folha, que não esteja o suficientemente escuro e opaco, vai permitir que a luz atravesse o fotolito. Isso vai dificultar a lavagem e remoção da emulsão que pretendes eliminar. Isto porque a luz incidida irá começar a endurecer a emulsão, tornando muito difícil a sua remoção, precisamente nas zonas que queremos remover.
No final, não vai gravar o desenho da melhor forma e vais perder detalhes na matriz.
Também de forma analógica, qualquer elemento que seja fino e de opacidade máxima, irá funcionar como uma boa máscara. Exemplo disso, é a cartolina.
Uma forma eficaz de verificar a qualidade de um fotolito é observa-lo contra a luz (idealmente numa caixa de luz), para detectar a sua opacidade, mas também falhas que podem ser corrigidas. Por vezes não nos apercebemos da pouca qualidade de um fotolito, até compararmos com um fotolito de qualidade superior. Percebemos que um tem a mancha homogénea e escura, garantindo uma percentagem elevada de opacidade e o outro uma mancha heterogénea com diferentes tons de cinza.
dir: impressão laser numa gráfica / esq: impressão jacto de tinta na FICA
Atenção
Não devemos generalizar os dois tipos de impressão, com base nas imagens apresentados em cima. Haverá com certeza maior qualidade de impressão, no que respeita ao laser. Como haverá menor qualidade, em impressão a jacto de tinta.
Para fazermos este teste, fomos imprimir à primeira gráfica (comum) que encontrámos, que realizava impressão em acetato. Enquanto a de jacto de tinta foi impressa na FICA.
Em termos práticos, com um fotolito de má qualidade, após a exposição à luz UV e no momento da lavagem da tela, não vais conseguir criar a matriz com a definição pretendida. Por muito que tentes lavar a tela, haverá zonas, dependendo da complexidade e detalhes finos da arte final (o número de fios também pode influenciar), que não será possível gravar.
Qualquer tinta que não esteja suficientemente escura e opaca vai permitir que a luz incida na tela emulsionada e assim iniciar o processo de endurecimento da emulsão, tornando difícil a sua remoção. Um fotolito com qualidade superior (e o tempo de exposição certo), no momento da lavagem, vai permitir remover com maior facilidade a emulsão, criando uma matriz bem definida.
Isto não invalida que um fotolito, que não esteja muito opaco e uniforme, funcione. Vai depender do tempo de exposição e do tipo de imagem que queremos expor. Uma imagem com detalhes muito finos, provavelmente não irá gravar na sua totalidade devido a zonas super-expostas, em que a emulsão endureceu onde não devia.
Na FICA, temos a prensa de abertura de telas, definida com uma determinada duração para gravar matrizes com fotolitos de qualidade superior.
A gravação de uma tela, à luz UV, é um tema longo (e variável consoante alguns factores), que podes ver noutro artigo.
Portanto, na altura de imprimirmos um fotolito digital a escolha do tipo de impressora, bem como a sua qualidade, é muito importante. Na FICA imprimimos os fotolitos numa impressora de jacto de tinta (ink jet) – Epson Surecolor P800 – com características necessárias para garantir uma qualidade superior. É própria para impressões fotográficas, portanto é compatível com folhas de poliéster transparente e imprime com densidade de preto superior (ultrahigh black density).
No entanto, uma impressora própria não fará o trabalho por si só, e requer que o ficheiro que vamos imprimir esteja com as características indicadas para impressão. Para tal, é importante que o ficheiro seja trabalhado de forma a tornar todas as manchas e linhas em preto máximo.
Igualmente importante é a folha transparente, o nosso conselho, compatível com impressoras jacto de tinta, são folhas de poliéster transparente. São recomendadas se procuras obter qualidade profissional. Com estes acetatos conseguirás resultados de excelência pela qualidade do poliéster, que é especialmente revestido de um dos lados. Desse modo garante uma cobertura de tinta e opacidade muito alta, fazendo com que a tua arte final seja impressa com muito boa definição e detalhes nítidos. A escolha, por si só, deste elemento, não descarta a qualidade da impressora.
Existem acetatos próprios para impressoras a laser e jacto de tinta, devido às características de cada tipo de impressão. Nesse sentido, certifica-te que utilizas o acetato correcto para cada uma das impressoras.
Para fotolitos impressos em laser, existe um produto para escurecer a impressão. O spray enegrecedor converte a impressão cinza em preto opaco.
Também é possível criar fotolitos analógicos, sem criar ficheiros digitais e recorrer a uma impressora. Podes desenhar directamente numa folha transparente, desde que uses os elementos correctos, recordando sempre que terá de ser o mais escuro e opaco possível. Para desenhar, podes utilizar alguns elementos (e testar as suas características) como a tinta da china, canetas tipo posca (preto), pastel de óleo ou mesmo lapis de carvão 8B.
Estes elementos permitem desenhar e criar desenhos com detalhes, no entanto podes recorrer a outros materiais, uns próprios para o efeito, como o Ulano, e outros menos óbvios, como folhas de plantas, que garantem um nível excelente de opacidade. Podes utilizar todos os materiais opacos e finos que tiveres à mão, sendo o mais comum a cartolina.
De forma analógica, podes espalhar folhas de plantas, bem como cortar cartolinas em formas geométricas, criando artes finais sem recorrer a qualquer desenho. Mas também é possível desenhar, com os elementos correctos, em folhas vegetais ou acetatos. Estas hipóteses podem ser utilizadas directamente no processo de gravação da tela de serigrafia.
Também podes desenhar à mão, digitalizar e imprimir num acetato. Uma vez digitalizado, deverás editar a imagem e aumentar os níveis de preto, para ficar o mais escuro possível, em contraste com o branco que corresponde ao vazio.
Quando editares a imagem, uma vez que foi digitalizada, tenta limpar o ruído à volta do desenho, isto é, todos os pontos que eventualmente existem e não queres que sejam gravados.
Parece absurdo, mas é possível uma alternativa com óleo vegetal. Podes desenhar numa folha de papel de cópia com pouca gramagem (80-90gsm) e pincelar uniformemente óleo vegetal. Quando a folha impregnar o óleo e ganhar um aspecto translúcido, podes utilizar como fotolito. Tem as suas limitações, mas é uma forma curiosa sem recurso a acetatos, folhas transparentes/translúcidas e impressão digital.
Neste artigo, abordámos a importância do fotolito no processo de gravação de telas de serigrafia. O fotolito é uma folha transparente ou translúcida, impressa ou desenhada com a arte final desejada, que tem como função bloquear a luz UV durante a exposição da tela. Esse bloqueio permite a gravação da arte final na tela emulsionada, sendo crucial que o fotolito seja escuro e opaco para garantir a qualidade do processo. E isso também pode corresponder a uma cartolina 100% opaca.
Revimos que o processo de gravação envolve a aplicação de emulsão fotossensível na tela, seguida pela exposição à luz UV junto com o fotolito. A qualidade do fotolito é essencial, pois um fotolito insuficientemente escuro pode comprometer a exposição e resultar em áreas da emulsão que não endurecem adequadamente, dificultando a remoção na fase de lavagem. Em sentido contrário, resulta na criação de uma matriz capaz de bloquear selectivamente a passagem de tinta
A relevância da opacidade do fotolito é crucial, evidenciando a necessidade de uma abordagem cuidada na escolha e preparação do material. A observação contra a luz, preferencialmente numa caixa de luz, pode ser necessário para avaliar o fotolito, caso haja dúvidas sobre a sua qualidade. A opacidade máxima e homogeneidade são factores determinantes, pois uma falha na opacidade pode comprometer a exposição, tornando desafiadora a remoção eficiente da emulsão na fase de lavagem.
A obtenção de uma matriz bem definida, capaz de reproduzir fielmente a arte final, depende também destes detalhes aparentemente subtis, mas de grande impacto no resultado final.
Por esse motivo, destacamos a importância da escolha adequada de impressoras e acetatos ao imprimir fotolitos digitais. No nosso caso, usamos uma impressora de jacto de tinta, a Epson Surecolor P800, que tem 4 tinteiros de Pretos (matte black, photo black, light black e light light black), e folhas de poliéster transparente, adequadas ao tipo de impressora, para garantir uma impressão com opacidade e densidade de preto superior.
Além disso, existem alternativas analógicas para criar fotolitos, como desenhar directamente em folhas transparentes usando materiais como tinta da china, canetas posca ou lápis de carvão. Bem como utilizar elementos opacos, sejam eles próprios para o efeito, como as folhas de Ulano, ou folhas opacas como a cartolina. Por exemplo, já fizemos testes com folhas de plantas, que resultaram na perfeição, bloqueado a luz de forma notável.
No entanto também é possível passar do analógico para o digital. Para tal é necessário digitalizar um desenho e garantir que os níveis de preto ficam no seu máximo (é necessário editar a imagem numa software como o photoshop ou semelhante), para imprimir num acetato é outra solução.
Resumindo, existe diversidade de opções na forma como podemos criar um fotolito e a sua escolha pode ser realizada por diversos motivos, sejam eles estéticos, por comodidade ou financeiros. O importante é que o fotolito não comprometa o processo de gravação e não seja responsável por voltarmos a repetir o seu processo.
É parte de um todo. De um processo com várias fases e não de um acto isolado. É essencial que todos os outros passos, seja na escolha dos materiais, na aplicação da emulsão ou na exposição à luz, estejam alinhados e bem executados, para definirem a qualidade final da matriz.